Tecnologia do Blogger.

Black Friday wishlist

É fato que a gente passa por várias mudanças bruscas irreversíveis durante toda a vida. Algumas universalmente reconhecidas; puberdade, passar na faculdade, pagar a primeira conta, etc, e outras que dizem respeito apenas a nós mesmos.

Assim como todo mundo que já passou ao menos da pré adolescência, também sofri alguns desses wake up calls da vida, sendo um dos maiores quando descobri que estava doente lá pelo finalzinho de 2013.

Porque não foi só o meu corpo que, de nunca-pego-nem-gripe, passou a precisar de visitas intermináveis a hospitais, tratamentos, exames incômodos e remédios hardcore. Também não foi só o namoro que acabou, com o ex fugindo para as colinas por não estar pronto para lidar com ~gente doente~. Todo o resto em mim mudou. A forma como eu via as pessoas ao meu redor, como eu buscava meus objetivos, como eu definia minhas prioridades, e até pequenices, como meu jeito de usar a internet e a decoração do meu quarto.

Lembro que foi bem nessa época que eu assisti a essa palestra no TED, e comecei a pesquisar um pouco mais sobre Minimalismo e outras "técnicas para se viver melhor" (nome meio piegas-auto-ajuda, eu sei). É nessa minha pastinha mental que eu misturo os low poos, a hortinha caseira, o espiritismo, o pensar duas vezes antes de escrever qualquer coisa, em qualquer lugar.


Em relação ao consumismo, confesso que nunca fui de gastar o que eu não tinha (minha mão de vaquice é mais forte que eu), mas eu fazia questão de ter um guarda roupas sempre abarrotado, incontáveis produtos de maquiagem os quais eu não usava nem a metade, além de sentir uma necessidade vital de sempre comprar alguma peça da coleção nova do Fulano by C&A (eu era consumista, não rica). Essa questão das roupas se tornou um vício incontrolável, a ponto de eu me sentir incompleta e depressiva quando não dava tempo de comprar algo novo na semana.

Mas, claro, tudo isso passou quando eu fiquei doente, porque né. Eu tinha coisas mais importantes para me preocupar. De repente estar bem e cuidar da saúde era mais crucial que comprar aquela bolsa nova que ~toda blogueira está usando~. É pesado dizer isso, mas hoje em dia eu tenho a completa noção de como essa época me salvou da pessoa ridícula e mesquinha que eu estava me tornando.

Não que eu tenha me tornado um ser iluminado (apesar de ter me casado com um). Bem longe disso. Não me considero sequer minimalista, só uma simpatizante da filosofia. Sequer sigo fórmulas prontas pela internet (ex. capsule wardrobe), pois tenho pouquíssima disciplina com regras; vou comprando conforme tenho necessidade mesmo, respeitando minha própria mudança gradual.

O resultado é que praticamente não gastei com roupa esse ano. Aliás, passei boa parte de 2016 vivendo com menos de 15 peças no armário, pois o resto do meu guarda roupas só veio do Brasil mês passado. E, juro, não senti falta alguma de variar no look do dia.

Amanhã é a Black Friday e o marido insistiu para eu fazer uma lista de última hora. Anotei um pijama de frio, um casaco de neve e algumas meias. Ele reclamou, disse que os preços estão ótimos e eu deveria aproveitar. Mas eu simplesmente não sinto necessidade de mais nada.

What you don't have, you don't need it now.

Here comes the sun

Eu nunca sonhei em me casar. Espera, deixa eu consertar isso. Eu sempre quis um casamento; chegar em casa e ter alguém para contar meu dia, cozinhar, viajar, planejar as economias, ver todas as séries e envelhecer juntos. Mais ou menos igual ao comecinho de Up, sabem? O que eu nunca quis mesmo era uma festa de casamento.

Só que o casamento, como eu venho aprendendo a cada dia, é uma equação de duas variáveis. E o y dessa equação não estava tão contente assim com uma celebração fast food.
Concordei com a cerimônia (fake, porque já estávamos casados). Concordei com uma recepção. Concordei em chamar a família de outros estados (e outro país). Quando eu me dei conta, já estava envolta em uma bola de neve, na qual eu precisava tomar decisões importantíssimas como escolher entre 5 tipos diferentes de centros de mesa, ou entre 10 cores de toalhas.

Me estressei? Muito. Valeu a pena? Valeu. Depois que passa a entrada ao altar (ao som de Here Comes the Sun, fiz questão), e você se dá conta de que não levou um tombo - de salto 15, na grama -, tudo fica bem mais leve. O máximo de leveza que passar o restante das 4 horas com um vestido de 4 kg permite, claro.

O que aconteceu aqui?

Uma das coisas que mais me apavoram nesse mundo blogueiro sempre foi a falta de privacidade. De 14 anos nessa vidinha, calculo pelo menos metade deles em sistemas fechados (saudades, livejournal), ou com posts completamente desatualizados, graças a um medão in?-justificado de me expor. Claro, existe ainda todo um histórico de bloqueio criativo, semestres puxados na faculdade e saco cheio de internet, mas só eu sei o quanto minha timidez virtual tem sua parcela de culpa nesses hiatus.

Eu nunca fui de divulgar o blog pessoal para colegas de trabalho ou "conhecidos", inclusive sempre tomei o devido cuidado de evitar que algumas dessas pessoas chegassem até ele. Veja bem, acho lindo quem compartilha tudo nas redes sociais - se for canal do youtube então, nível de desprendimento ultra mega master que jamais vou alcançar nessa vida -, mas eu nunca me sentiria confortável sabendo que o mocinho do rh, ou a tia do ex-namorado, leram exatamente o que eu penso sobre as doutrinas sociais duvidosas que eles insistem em defender.

Na verdade, acho que estou sendo até superficial; essa questão vai muito além de convívio profissional barra liberdade de expressão. É, principalmente, poder impor limites no quanto os tais acquaintances sabem sobre você, e no quanto isso pode afetar suas relações sociais obrigatórias. Uma coisa são seus amigos, virtuais ou não, pessoas que você associou à sua vida por livre e espontânea vontade, lendo e dividindo experiências sobre vida amorosa e crises existenciais. Outra, bem diferente, são as pessoas que a vida impôs a você.


Bom, agora que você já está inteirado sobre meu leve pânico associado a privacidade & blogs pessoais, posso te contar exatamente o que aconteceu em uma tarde de terça-feira. Para resumir, aquela outra rede social fez o favorzão de mandar convite para curtir a página do blog assim, para todo mundo, sem filtros e sem minha permissão. Tá, não foi bem desse jeito, desconfio que tenha acontecido em um daqueles meus momentos super pacientes, de sair clicando OK para tudo quanto é aviso, mas ainda assim, por razões óbvias, não era minha intenção.

Depois de passar pelos 5 estágios do luto (isso porque estou suavizando o drama aqui), percebi que já estava mesmo descontente com a proposta do blog há algum tempo. Preferi fechar tudo e recomeçar, dessa vez usando meu antigo domínio, e voltando a ser o diarinho que me trouxe a esse mundo blogueiro em primeiro lugar. Mantive alguns dos posts impessoais, trouxe textos do antigo blogspot, dei um tapa no layout, e, em uma corajosa empreitada para vencer minha vergonhinha virtual, escrevi até uma dessas páginas Sobre mim.

Ainda quero falar sobre viagens, literatura, culinária e fazer resenhas, porém usando menos uma ótica impessoal, e mais minha própria perspectiva. Blogs de dicas são legais e tudo, mas minha paciência acaba quando a adaptação SEO friendly começa. Em tempo, não fiz uma página na outra rede social para esse blog. Acho melhor assim.