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Restrospectiva 2017

Eu tinha uma resolução para 2017. Direta, plausível, uma só. Parecia simples. Afinal, quão difícil pode ser seguir apenas uma direção? O que poderia dar errado quando se tem apenas uma meta a cumprir?
Respondo: Pode ser muito difícil, muita coisa pode dar errado.
Ainda mais quando seu único objetivo é se fazer feliz.


Eu não quero cuspir para cima e dizer que 2017 foi um ano horrível, porque, juro, não foi. Sequer entrou para a lista dos top 5 (alor, 2013!). Não, 2017 foi mais um daqueles anos de aprendizados tapas na cara. O ano que a vida me olhou e disse "então você acha que já cresceu tudo que tinha para crescer? HA."

A boa notícia é que ele acabou e eu o venci. Ok, vencer é uma palavra forte. Meio capenga, insegura dos próximos passos, ao menos eu o terminei.
fonte: Sarah's Scribbles
Em 2017 eu quis muitas coisas. Veja bem, foram muitas coisas mesmo. E consegui várias delas. Só que apenas uma mão cheia me preencheram, poucas me trouxeram a paz interior que eu imaginava alcançar. E o ruim de querer várias coisas é que, se elas não te trazem algum conforto, você não deixa de querer. Pelo contrário, você acaba querendo ainda mais. Alguma hora há de preencher, certo?
Fuén, errado.

Então eu fiz o que qualquer homo sapiens em sã consciência faria: eu reclamei. Minha nossa, como eu reclamei nesse 2017. Reclamei demais e, pra ser bem sincera, ainda não consegui parar totalmente.
Porque nada estava bom, nada estava completo, nada estava perfeito.

Da onde eu tirei essa ideia maluca de que deveria ser perfeito, eu não saberia dizer. O que outrora me fascinava - essa habilidade que a vida tem, de dar voltas quebradas por caminhos atravessados -, agora só conseguia me deixar cada vez mais ranzinza. Quando olho para trás, percebo que não bastava tudo estar bem, as coisas estarem dando certo. Elas tinham de dar certo do jeito que eu queria. Isso mesmo, uma receita prontinha para a frustração.


Como se não bastasse, eu ainda passei boa parte do ano me cobrando. Me importando demais com coisas materiais. Me alimentando mal. Fazendo atividades que me deprimiam. Aturando gente mesquinha. Odiando gente mesquinha. Resumindo, retrocedendo de tudo que havia evoluído nos últimos 4 anos.

Não vou negar, fiz amigos excelentes nesse 2017. Arrisco dizer que amigos para a vida toda. Gente capaz de me colocar pra cima, assim, num estralar de dedos. Só que foi nesse ano que eu conheci o lado detestável dos americanos também.
Pudera, até 2016 eu estava presa e segura nessa redoma feliz que são os amigos do marido. Gente que, mesmo eu quase nunca encontrando hoje em dia, sempre manda lembranças, presentes, docinhos (me alimentar é o caminho mais rápido para o meu coração).
Dai lá fui eu, voar com as minhas próprias asas. Enfiar-me em círculos duvidosos, munida apenas de um escudo afável e macio, todo construído em anos de hospitalidade brasileira. Me fodi. Passei aí, uns belos meses tendo de conviver com gente frívola, machista e desleal.
Graças aos deuses, passou. Cresci. Made my skin a little bit thicker.

Às vezes eu acho que trabalhar demais feat. estudar demais faz um pouco isso com a gente. Se deixarmos, claro, nossa vida vai ficando cada vez mais vazia, cada vez mais janta-banho-cama. All work and no play makes Jack a dull boy. E corremos para complementá-la de qualquer forma, nem que seja com sentimentos desconstrutivos. Punhados perecíveis de tudo; bens, amizades, amor próprio. Veja bem, veda o buraco temporariamente, mas pede a conta no final.

Ainda não querendo ser injusta com 2017, nesse ano eu me senti deveras recompensada pelo meu esforço. Nesse ano eu fui muito amada, se não por mim, pelas pessoas que eu mais quero bem. Nesse ano eu me provei várias vezes, para mim mesma e para os outros (não que precisasse). Nesse ano eu conquistei coisas que não imaginava que viriam tão cedo. Em 2017 eu arrisquei, aprendi, amei, cresci.

Pedaços de 2017: Hawaii - Canadá - Bear Lake

Acho que parte do segredo é saber se dar um desconto também. Li muito menos do que gostaria, e o Reading Challenge 2017 ficou pendente. Sei que foi graças ao mestrado, já que, antes de começarem as aulas, vinha mantendo um ritmo até aceitável de leitura. E não espero mudar isso em 2018. Pelo contrário, a faculdade ainda vai tomar longos 8 meses da minha vida, e só eu sei como é chegar em casa à meia noite, abrir o kindle e não sair do mesmo parágrafo até apagar completamente.
Não adianta querer dar um passo maior que a perna, muito menos perder a paz se culpando por não chegar lá.

Se eu ao menos tivesse me dado conta disso mais cedo.

Já disse aqui inúmeras vezes que lista de resoluções não são para mim e não vou recuar dessa vez. Mantendo a tradição do mantra único, sem muitas expectativas, fica o direcionamento para 2018: Está tudo bem diminuir o ritmo, parar de se cobrar, de querer mais, de buscar o inalcançável:

You gotta know just when to fold.

9 comentários

  1. Foi a mesma sensação que tive, um ano de lições e de mudanças de comportamento. Uma delas foi em relação a não me desesperar com coisas sobre as quais não tenho controle. Se tiverem que acontecer, ok, eu vejo como lidar. Acho que para os acontecimentos de 2017 você agiu de forma muito consciente e racional, o balanço foi bem positivo! Esse 2018 vai ser de reparar as arestas, não repetir erros e alcançar objetivos! Mas sempre se lembrando de que devemos viver um dia de cada vez. Por fim, só pra não perder o hábito, tenho que dizer que seu texto está perfeito : ) Beijos, amiga.

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  2. Gostei do seu texto Kari. Me fez refletir que eu ando nesse meio termo. Estagnada mas querendo fazer muitas coisas, que por fim só ficam na imaginação.

    Também nunca fui boa com listas de resoluções. Talvez porque eu sabia que esqueceria dela num canto qualquer e só me daria conta no outro ano. rs

    Feliz ano novo e que 2018 seja repleto de acontecimentos maravilhosos! ♥

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  3. Oi Kari,

    Então, eu fico feliz de saber que você aprendeu e pode falar que venceu sim, acredito que todos os dias quando a gente acorda pode considerar uma vitória. Então você, com seus baby steps, venceu.

    Eu também sou uma pessoa que reclama, e hoje isso é ainda pior pra mim porque eu reparo, eu sei que num é legal e quando me pego reclamando assim de forma excessiva dói aos meus ouvidos e no meu coração, mas a gratidão é questão de disciplina, é treino e eu estou apenas começando.

    Uma pena que você tenha precisado passar por situações com gente babaca. Uma pena mesmo, porque a gente tem esse calor no coração na nossa origem tupiniquim e estar em outro país e não receber isso de volta deve ser bem ruim, mas você deu um jeito de superar né?

    "Não adianta querer dar um passo maior que a perna, muito menos perder a paz se culpando por não chegar lá."
    Essa é uma das lições que eu pretendo trabalhar esse ano. Eu decidi que finalmente vou voltar a estudar... Depois de muito tempo querendo, mas sabendo que era o "passo maior que a perna"... Agora acredito ser o momento, então vamos que vamos.

    Que em 2018 você seja feliz, mesmo! Que suas experiências boas sejam muito muito mais numerosas que as não tão boas e que você possa sempre estar cercada de gente do bem, de luz!

    Um beijo,
    Aline

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  4. Gente, que blogue lindo e maravilhese é esse que tu tem e eu nem sabia disso nessa internet?!

    Quem sou eu na fila do pão para postar mais!

    Adorei a sua retrospectiva e espero que em 2018 essa sua resolução de não se exigir mais do que deveria se cumpra!

    Quando eu cumpri essa comigo, eu fiz muito mais do que inicialmente me propunha!

    Beijos

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  5. Seu texto foi bem reflexivo e me fez pensar no meu 2017, mas nao pude conter um riso na parte do comida e o caminho mais rapido para o seu coracao, acho que para o meu tambem...rsr. Acho que voce ta no caminho certo, a nossa jornada nesse mundo e feito de baby steps, aprendizados, coisas que esquecemos e voltamos a praticar, gente besta....mas tudo passa e com paciencia e perseveranca a gente chega onde quer.
    Um otimo 2018!

    Bjs

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  6. Baby steps tem sido a palavra do momento! Eu sempre fui muito intensa nos meus sentimentos sem encontrar um meio termo e isso pode nos levar nas alturas com empolgação, mas quando o sentido é o oposto vamos indo bem fundo, e é assustador.
    Também não defini muitas coisas para 2018 não, uma resolução para a minha vida profissional (resolução essa bem importante diga-se de passagem) e outra para me fazer feliz (leia-se aqui, uma viagem). E acho que já está bom.
    Mais que isso é cobrança excessiva e sem noção! O que só me empurra pra baixo. Repetindo a minha frase do começo Baby Steps é a palavra, a chave!! hahaha se é que há uma!
    O importante é carregar com a gente os ensinamentos do ano anterior e as coisas boas também! <3
    Beijos!
    Colorindo Nuvens

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  7. Tenho que me policiar com isso de não me satisfazer e querer mais. Parece uma busca que não tem fim, e é né, se a gente for pensar em tudo o que quer, são tantas coisas, emoções novas, sentimentos que queremos provar, enfim, sem falar que a maioria dos desejos é só ego.

    Mas a gente vai aprendendo, que bom que você enxerga tudo isso e o que é melhor pra você, aos tropeços, mas fazer o que, se corre nessas veias humanidade pura. Paciência rsrs
    2017 foi um ano de mudanças pra mim, de chegar/tomar decisões, não aconteceu como eu queria também, mas não reclamei, aconteceu! Já fui de querer assim tudo perfeito, só que a vida veio e meu aqueles tapas estrondosos na cara, então parei.
    Reclamar é normal. Tenho reclamado o mínimo, porque convivo com uma pessoa que reclama de tudo, então fico de saco cheio só de pensar.

    Você me fez lembrar que fiz uma amizade haha mas fiz e foi bem especial, aquele encontro de um final de semana que abriu minha mente e coração, falei tanto de mim e aprendi tanto, me descobri, foi magico, aquelas oportunidades que só essa bonita, chamada vida, oferece.

    Se sentir amada é uma bênção, nossa, esse trem é bom demais!
    Espero que 2018 lhe reserve menos pertubações rsrs que você realize muito mais, seja cheio de primeiras vezes, viajens lindas como essa, paz nesse coração pra encarar as paradas que estão por vir!

    xeroooooo
    http://rascunhosehistorias.blogspot.com.br

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  8. Kari, acho que sua retrospectiva já trouxe a grande iluminação que eu também tive logo no começo desse ano que foi abrir mão do controle, sabe? Em todos os aspectos de vida. Acho que a busca pela felicidade deixa a gente muito frustrado porque estamos cobrando algo de um sentimento sendo que várias vezes os fatores externos estão nos pressionando pra jogar a gente pra baixo e a gente precisa ter esses momentos ruins/tristes/no limbo pra nos sentir felizes e preenchidos. Não existe um sem o outro. E como você colocou na tirinha: baby steps é que levam a gente pra frente.

    Fiquei babando pelas fotos das suas viagens. QUE LUGARES INCRÍVEIS!!!!! <3 2017 foi um ano de APRENDIZADO mesmo, né??

    Beijos <3

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  9. Uau, que texto! É sempre bom ler algo assim e refletir sobre. Essa frase "Não adianta querer dar um passo maior que a perna, muito menos perder a paz se culpando por não chegar lá." é exatamente o momento que eu tô. A gente precisa parar de se cobrar tanto e cuidar mais da gente <3 Esse ano vai e tem que ser assim! Um ano cheio de aprendizados e histórias boas pra contar, Kari. =)

    Beijos, quebrarosilencio.blogspot.com ❥

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