Tecnologia do Blogger.

Adoráveis imprevistos 2016/2017

Foi lá no comecinho de 2016 que eu escrevi sobre ter aceitado, finalmente, que resoluções de ano novo não são para mim. Não foi um caminho fácil (não para uma obcecada por controle), mas 2015 havia me forçado a deixar a vida fluir e, de quebra, me mostrado que pisar fora da zona de conforto poderia sim resultar em surpresas agradáveis.

E nessa vibe, lá em Janeiro/16, decidi jogar o bullet journal em um canto esquecido do armário, e começar o ano apenas com uma lista simples de 4 diretrizes - não metas - para o ano. Veja só, 2016 não teria planos, mas tampouco teria restrições.

No fundo, era um projeto ousado com pinta de preguiçoso. Porque o deixa a vida me levar, vida leva eu parece fácil, mas, para a neurótica aqui, sempre soou algo como contornar um abismo com os olhos vendados. Pelo menos eu poderia me confortar no fato de que, caso quisesse/precisasse mudar qualquer coisa no meu ano - mesmo que fosse para virar 180° -, não haveria qualquer frustração associada a uma lista pré-estabelecida. O objetivo era mesmo ver no que dá, com o bônus de testar toda aquela espontaneidade positiva ensaiada por 2015.


Deu certo. 2016 não teve planos, expectativas, não seguiu qualquer textbook e, ainda assim, foi um dos melhores anos da minha vida. Tudo ocorreu como o planejado, ou melhor, não planejado. Um ano inteiro levado no susto. Doze meses de adoráveis imprevistos.

E qual o poder de uma lista afinal? A intenção, lá no começo, não era ficar e casar, não esse ano. Estivesse nas metas -voltar para o Brasil, teria feito alguma diferença? E -mudar de estado? Todo o apego que eu tenho hoje em dia por Utah (quase inexistente em jan/16) seria diferente? Estaria acompanhado de frustração? Porque, cá entre nós, é muita pretensão do dia primeiro querer saber tudo o que a gente deseja para os outros 364.

2016 não teve lista, mas teve aproveitar mais o momento. Teve menos consumismo. Teve viagens, tempo com a família, mais estudos e leituras. Em contrapartida, teve ansiedade, desorganização, pressa, saudade. E eu quero 2017 do mesmo jeitinho; sem planejamento, com os níveis de lágrimas e risadas sendo ajustados ao longo do percurso.


Por isso, pensei em fazer um pouco diferente esse ano. Não vou sequer enumerar diretrizes, 2017 vai ter apenas um mantra: Faça mais daquilo que te faz feliz. Pode significar qualquer coisa, e ser regulado conforme as mudanças internas/externas. Um dia pode ser estudar mais, assim como, num outro, pode ser me dar mais tempo de descanso. Sair mais com os amigos, ou passar mais tempo debaixo das cobertas, somente na companhia de um livro. Cozinhar uma comidinha saudável, ou saborear um big mac repleto de sódio. As possibilidades são infinitas.

Se o objetivo final é otimizar a satisfação pessoal minimizando frustrações, que venha 2017 sem expectativas. E que o ano tenha espaço para surpreender mais uma vez .

Então é Natal...

Eu poderia odiar o Natal. Sabe, ser uma dessas pessoas que praguejam contra o apelo capitalista da data, a quantidade desnecessária de uvas passas ou o copo vermelho da Starbucks. Eu poderia simplesmente ser uma pessoa mais Ano Novo. Show da virada. Praia grande. Roupa branca e rasteirinha.

Para ajudar, não sou cristã, minha família se odeia demais para conviver em harmonia por uma noite, guardo péssimas lembranças de amigos secretos (incluindo a bola de vôlei furada que ganhei na 4a. série), acho nozes sem graça e tenho pânico de shopping lotado. Mais que motivos suficientes para incorporar o Grinch, certo?

Só que eu não odeio a data. Pelo contrário, sou quase a Izzie Stevens louca do Natal. Não sei bem se é a ideia de compartilhar lembranças - onde estávamos no Natal de 2016? -, a magia das luzes/músicas/cidade decorada, ou mesmo o espírito natalino, que faz com que as pessoas falsamente ou não transpareçam mais bondade nessa época. No fim, compro a ideia e acabo acreditando piamente que todo 25 de Dezembro vai ser incrível.

ms. otimismo, prazer
O espírito do Natal tomou conta aqui em casa já no mês passado, quando acompanhamos a transformação da Disney num grande parque papai noel-ístico. Tendo casado com um ser humano que consegue se empolgar com a data ainda mais do que eu, já foram algumas várias fotos de pinheiros decorados, somados a carols cantados à exaustão. Fizemos até uma lista de filmes para maratonar até o dia 25 e, até agora, já cumprimos ElfChristmas with the KranksHome Alone 2National Lampoon's Christmas Vacations, Miracle in the 24th StreetThe Santa Clause e The Family Man (favorito ♥ ).

acordamos e essa belezinha estava montada no lobby do disney's grand californian hotel
Como estaremos na Flórida com os sogros (so much for my white xmas, fuén), a decoração aqui de casa foi tímida, mas com dignidade. Mesmo quando eu passava meus Natais sozinha (mãe na escala de plantão: uma realidade natalina), sempre tratei de manter o clima da data. Seja um pisca pisca na janela, uma rabanada feita na calada da noite, um Nightmare Before Christmas no SBT antes de dormir. Eu gosto de tradições. Elas importam exatamente porque fazem com que a gente se sinta parte de algo maior. Como se toda a humanidade estivesse também, naquele momento, celebrando a esperança, a generosidade e a união (ms. otimismo, não disse?).



cookies natalinos (abóbora com gotas de chocolate) - receita aqui
No mais, estou com um certo bloqueio criativo e vocês podem me flagrar apelando para alguma tag/blogagem coletiva/projeto fotográfico nos próximos dias. Se eu não aparecer até lá, já fica aqui meu desejo de Feliz Natal para todos :*

Black Friday wishlist

É fato que a gente passa por várias mudanças bruscas irreversíveis durante toda a vida. Algumas universalmente reconhecidas; puberdade, passar na faculdade, pagar a primeira conta, etc, e outras que dizem respeito apenas a nós mesmos.

Assim como todo mundo que já passou ao menos da pré adolescência, também sofri alguns desses wake up calls da vida, sendo um dos maiores quando descobri que estava doente lá pelo finalzinho de 2013.

Porque não foi só o meu corpo que, de nunca-pego-nem-gripe, passou a precisar de visitas intermináveis a hospitais, tratamentos, exames incômodos e remédios hardcore. Também não foi só o namoro que acabou, com o ex fugindo para as colinas por não estar pronto para lidar com ~gente doente~. Todo o resto em mim mudou. A forma como eu via as pessoas ao meu redor, como eu buscava meus objetivos, como eu definia minhas prioridades, e até pequenices, como meu jeito de usar a internet e a decoração do meu quarto.

Lembro que foi bem nessa época que eu assisti a essa palestra no TED, e comecei a pesquisar um pouco mais sobre Minimalismo e outras "técnicas para se viver melhor" (nome meio piegas-auto-ajuda, eu sei). É nessa minha pastinha mental que eu misturo os low poos, a hortinha caseira, o espiritismo, o pensar duas vezes antes de escrever qualquer coisa, em qualquer lugar.


Em relação ao consumismo, confesso que nunca fui de gastar o que eu não tinha (minha mão de vaquice é mais forte que eu), mas eu fazia questão de ter um guarda roupas sempre abarrotado, incontáveis produtos de maquiagem os quais eu não usava nem a metade, além de sentir uma necessidade vital de sempre comprar alguma peça da coleção nova do Fulano by C&A (eu era consumista, não rica). Essa questão das roupas se tornou um vício incontrolável, a ponto de eu me sentir incompleta e depressiva quando não dava tempo de comprar algo novo na semana.

Mas, claro, tudo isso passou quando eu fiquei doente, porque né. Eu tinha coisas mais importantes para me preocupar. De repente estar bem e cuidar da saúde era mais crucial que comprar aquela bolsa nova que ~toda blogueira está usando~. É pesado dizer isso, mas hoje em dia eu tenho a completa noção de como essa época me salvou da pessoa ridícula e mesquinha que eu estava me tornando.

Não que eu tenha me tornado um ser iluminado (apesar de ter me casado com um). Bem longe disso. Não me considero sequer minimalista, só uma simpatizante da filosofia. Sequer sigo fórmulas prontas pela internet (ex. capsule wardrobe), pois tenho pouquíssima disciplina com regras; vou comprando conforme tenho necessidade mesmo, respeitando minha própria mudança gradual.

O resultado é que praticamente não gastei com roupa esse ano. Aliás, passei boa parte de 2016 vivendo com menos de 15 peças no armário, pois o resto do meu guarda roupas só veio do Brasil mês passado. E, juro, não senti falta alguma de variar no look do dia.

Amanhã é a Black Friday e o marido insistiu para eu fazer uma lista de última hora. Anotei um pijama de frio, um casaco de neve e algumas meias. Ele reclamou, disse que os preços estão ótimos e eu deveria aproveitar. Mas eu simplesmente não sinto necessidade de mais nada.

What you don't have, you don't need it now.