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Das histórias de des-amor

Essa semana, entre leituras sobre o Tinder e desavenças amorosas-barra-finais felizes no blog da Analu e newsletter da Anna Vitória, me lembrei de uma história de desamor mais ou menos com internet, que me aconteceu há 6 anos, quando aplicativos de paquera ainda não estavam aí para dar uma forcinha.

O ano era 2010, época dourada de orkut e raríssimos casos de internet no celular. Eu caminhava para o ponto de ônibus, muito provavelmente no pior humor possível, já que, novidade, estava atrasada para o trabalho. Ele já estava lá, parado perto da escadaria, naquele ponto deserto, calça jeans levemente apertada e moletom hipster, barba por fazer – confesso, não sou fã -, e cara de tédio, já que, como mencionado acima, os tempos de rosto enfiado no celular 24-7 estavam apenas no comecinho. Parei no ponto, dei uma olhadinha, ele me ignorou, fiz a blasé, vida que segue.

Semanas passam, lá estou eu, atrasada para o trabalho novamente (talvez tenha sido uns 2 dias depois, dada a minha falta de pontualidade frequente), quando me deparo com o mesmo mocinho parado no ponto. Dessa vez me permiti reparar melhor no quanto lindinho ele era - leia-se encaradas pouco discretas- , e logo meu cérebro já estava maquinando como poderia encontrá-lo mais vezes, já que isso parecia acontecer quando, ao invés de 10 para as 8, eu saía às 8h30. Conclusão pouco óbvia: No dia seguinte, me atrasei de propósito. Só que, como meus planos nunca saem exatamente como eu quero, dessa vez acabei perdendo a linha, com o perdão do trocadilho; saí às 8h40 e ainda tive tempo de ver o ônibus subindo a rua, quando, ignorando toda a falta de sensualidade na cena, corri meia maratona e ainda tive tempo de ver o bonitinho mas ordinário subindo no busão, enquanto olhava para minha cara e poderia muito bem ter segurado o motorista mais uns segundinhos para mim.


O amor morreu por um mês talvez; sou dessas, que fica de mal de estranhos que sequer se dão conta da minha existência. Isso até que um dia, novamente atrasada, novamente dando de cara com o dito cujo no ponto, resolvi que ficar nos olhares com um guri que certamente não estava interessado e, ainda por cima, não segurava o ônibus para mim, só poderia ser cilada. O negócio é que, dessa vez, ele que não parava de me olhar. Assim, na caruda mesmo, de me fazer até checar se não tinha alguém acenando para ele atrás de mim. E tomamos o ônibus, descemos na estação, ele caminhando perto de mim, pegou o mesmo sentido do metrô e sentou no banco bem em frente. E nisso foram uns trinta minutos de olhadelas e sorrisos desajeitados, da Jabaquara à Luz, até que chegou minha vez de desembarcar.

Fiquei esperando a porta ao lado dele abrir, e ele encostou na minha mão. Perguntou se eu trabalhava na próxima estação, se morava perto do ponto, e eu, quase tremendo de nervoso, afinal nunca tinha flertadinho no metrô antes, retribui perguntando onde ele estudava (Anhembi Morumbi), e até qual estação iria. A porta do metrô abriu, tive de sair rápido e me dei conta que tinha esquecido de perguntar o nome dele. Esqueci simplesmente a parte mais importante da conversa. Tudo bem, dia seguinte o veria de novo e, claramente, já estava perdoado pelo incidente do ônibus.

Foram uns 5 dias saindo cedo, para não correr o risco de chegar atrasada demais da conta, e deixando ônibus após ônibus passar, enquanto esperava ele chegar no ponto. Lembrando hoje em dia, eu não consigo deixar de dar risada, porque jamais faria isso de novo por carinha bonitinho algum, afinal tenho mais o que fazer das minhas manhãs (leia-se dormir mais 5 minutos). Mas ser jovem é uma beleza, e eu esperei pacientemente a semana toda.

Chegando à conclusão que ele deveria estar de férias do estágio ou qualquer coisa assim, resolvi recorrer aos métodos modernos para me dar uma forcinha com o futuro pai dos meus filhos. Estava tudo muito romântico e paulistano até então, mas vivemos em pleno séc XXI e a tecnologia está aí para ser usada. A parte mágica da coisa foi que sabe-se lá por quê, eu coloquei na cabeça que o nome dele era Rodrigo. Ele tinha cara de Rodrigo. Eu sou dessas pessoas que acha que as pessoas têm cara de nome, e que, muitas vezes, sofre para aprender o nome certo. E lá fui eu; Orkut > Comunidades > “Anhembi Morumbi” > “Rodrigo” pesquisar.

Seria um final de tirar o fôlego dizer que o encontrei, que mandei inbox, que batemos certinho, namoramos e que só o destino para pregar uma peça dessas. Mas o fato é que, bem, o encontrei mesmo. E o nome dele era Rodrigo mesmo. Só que ele escrevia “contigo” separado ('estamos com tigo! s2'), “a gente” junto, e tinha como ídolo supremo o Elieser do BBB. Acabou o amor de vez. E passei a ir para o trabalho bem mais cedo todos os dias.


~ Tv e Filmes

Resolvi pegar para ver "How to Get Away With Murder" em um dia desses, de bloqueio criativo no Netflix. Resultado: estamos viciados, namorado e eu, e já sofrendo porque só a primeira temporada está disponível. Viola Davis é diva eterna.
Semana passada fomos ao Festival Sundance de Cinema em Park City e assistimos “The Lovers and the Despot”. O filme conta a história real de uma estrela do cinema e um diretor famoso na Coréia do Sul, raptados por Kim Jong-il e obrigados a fazer filmes para a Coréia do Norte. Acabei embarcando na vibe e aproveitei para assistir “The Propaganda Game”, no Netflix, que fala sobre o poder da propaganda do regime na Coréia do Norte. Para quem também ama documentários, fica a recomendação dos dois.

~ Leituras

Finalmente comecei a ler O Homem do Castelo Alto. Já estava na minha lista há meio século, mas depois de assistir o documentário sobre a II Guerra Mundial em cores no Netflix, achei que o assunto estava fresco na cabeça o suficiente para conseguir acompanhar as analogias do livro. Acontece que o namorado decidiu que queria ler também e resolvemos fazer esse Clube da Leitura de dois. Vou te dizer, é bem complicado ler em duplinha, já que eu tenho mais tempo livre e acabo tentando não avançar muito na frente dele. Por isso, nas horas vagas estou lendo “O Segredo de Jasper”, que ainda não me empolgou. Estou com medo de ter lido “O Sol é para todos” muito cedo esse ano e ter estragado todas as leituras seguintes, porque ninguém jamais vai ser como a Scout <3.

Resoluções

Já tem um tempo que eu descobri que resoluções de ano novo não são para mim. Em primeiro lugar, minha memória é péssima e, por mais que eu escreva uma dúzia delas, a chance é que eu não me lembre de uma sequer já no dia primeiro. Além disso, já foram 31 anos tomando na cara aprendendo que a vida percorre rumos inesperados demais para eu cogitar seguir uma lista. Coisa de passar o réveillon de 2015 derretendo num calor sufocante, e estar na janela nas primeiras horas de 2016, olhando a neve cair lá fora.


O fato é que, mesmo não tendo uma lista para seguir, me bateu essa sensação de ter deixado coisas inacabadas demais esse ano - algumas por teimosia, muitas por preguiça, uma ou outra por imaturidade. Convenhamos, 2015 foi um ano que passou e a gente nem viu, mas, apesar de rápido, a maioria das pessoas que eu conheço não via a hora de estar livre dele. Veja bem, não detestei 2015 - pelo contrário, foi um dos melhores anos -, mas achei que seria bom, se não fazer uma lista de resoluções, pelo menos deixar registradas algumas diretrizes para aquilo que me incomodou e eu não queria que se repetisse.

Menos debates políticos
Eu cansei. Aliás, eu cansei há muito tempo, mas sempre tive aquele senso de obrigação moral para saber de todas as notícias, buscar argumentos, ter uma opinião política formada. Não sei se quero mais. Correndo o risco de me tornar uma pessoa completamente alienada, talvez eu não precise sair aos tapas sobre tudo que envolve política o tempo todo.

Mais fotos
Se você reparar no meu instagram, vai perceber que tem épocas em que eu tiro quase uma foto por dia (ou até mais) e então meses que não surge um post sequer. Pois é, esse é um dos indicativos se estou passando por dias bons ou ruins, e, de alguma forma, isso me incomoda absurdo. Tirar uma foto é prestar atenção, reparar nos detalhes, se deixar sentir algo. E quando eu estou passando por uma época ruim, eu acabo vivendo no automático, deixo de sentir e sigo quase o tempo todo de olhos fechados para tudo. Não que eu queira estipular uma meta tipo 365project, já falei ali em cima da minha dificuldade com listas, mas desejo reparar ao meu redor e tirar mais fotos em 2016, mesmo nas semanas difíceis.

Mais amor
Não tem jeito, eu sou uma pessoa de extremos. Eu amo muita coisa, mas odeio um monte delas também. E eu sempre quero deixar isso muito claro, o que acaba gerando várias animosidades (por exemplo, estou terminantemente proibida de expressar minha opinião negativa sobre Star Wars aqui em casa). Minha intenção sempre foi encontrar outras pessoas com as quais eu pudesse me identificar, mas, sendo captain obvious aqui, não vale a pena. Unir pelo amor conta muito mais pontinhos na escala social e, admito, é muito mais gostoso. Pretendo diminuir drasticamente minhas manifestações negativas em 2016 e procurar me focar mais nas coisas que eu amo.

Menos expectativas
Crie gatinhos, cachorrinhos, um pinterest organizado, mas não crie expectativas. Pois é, eu fui uma verdadeira apicultora de expectativas em 2015 e... deu tudo errado. Admito que o resultado acabou saindo muito melhor, mas ainda assim, eu sofri um monte no caminho. Expectativas são boas se trabalhadas com probabilidades e, de preferência, uma probabilidade próxima a 99,99% de acontecer o que você quer. Em 2016 pretendo esperar menos das pessoas, das situações, da minha própria sorte.


Acho que é isso. Parece curta, mas, de novo, isso não é uma lista de resoluções. Para mim, já estaria ótimo se 2016 me surpreendesse positivamente tanto quanto 2015 foi um boom na minha cara. Feliz 2016!

Dos desapegos

Essa semana comecei a ler o "Não se apega, não" da Isabela Freitas e, assim como sugere a proposta geral do livro, passei um tempão refletindo sobre relacionamentos.

Para falar a verdade, até agora eu ainda não me encontrei na história. Sim, admirei muitas sacadas (como a dos três homens mais importantes na vida de qualquer garota e as "20 regras do desapego"), mas, no geral, estou achando o livro bem... hm, bobinho.

Eu sei, é declaradamente um Young Adult e a expectativa é que a narrativa seja mais leve mesmo, mas minha última leitura y-a, de uma maturidade estarrecedora aliás, havia sido "Extraordinário" (R.J.Palacio). Esse livro é contado, vejam só, na perspectiva de um garotinho de apenas 10 anos de idade, ou seja, não é porque o protagonista é mais novo, que o livro precisa ser infantil.
"Não se apega, não" é narrado por uma mulher um tanto mais velha que August Pullman, mas os 22 anos da protagonista equivalem a uns 15 na vida real. Isabela, a personagem, tem sim um ou outro conselho genial sobre relacionamentos (e essas partes acabam valendo o livro todo, ufa), mas, de uma forma geral, é excessivamente imatura para a idade dela, do tipo de personagem que você já espera, sei lá, uma briga homérica com o pai sobre o intercâmbio na Europa, com uma batida de porta e choros no travesseiro em seguida porque sim, a vida dela é muito dura. Além do mais, vem me incomodado bastante como Isabela perde tanto tempo com auto promoções (até o momento, já foram três descrições sobre o próprio cabelo. Ok, meio que já entendemos como é a característica capilar da personagem, obrigada) e também com as inúmeras vezes que ela se contradiz (como quando diz que se iludiu ao achar que podia "transformar" o cara, mas que tem orgulho em dizer que mudou a vida do indivíduo. Ué?). Mesmo sem ter acabado a leitura, arrisco a dizer que o livro deveria ter sido escrito em forma de "auto ajuda" e não de narrativa, já que a segunda parte acaba desacreditando um pouquinho a genialidade da primeira.

Tudo bem, talvez eu tenha um problema pessoal com a proposta do livro, já que não julgo a maioria das pessoas sábias o bastante para aplicar a tal "lei do desapego" com algum senso discriminativo. Aliás, deixa eu adiantar que entendi a definição da autora, "o desapego é saber se desprender de tudo aquilo que te retém, faz mal e sufoca", e não é como se eu discordasse. Só acho que estamos vivendo em uma era de conceitos inteligentes aplicados de forma ignorante, e que isso faz com que, por exemplo, muita gente entre de cabeça em um relacionamento, mas continue procurando algo melhor na próxima esquina. "Carpe diem", "sua felicidade acima dos outros", "aprenda a se colocar em primeiro lugar" são coisas que ouvimos todos os dias, e parecem (muitas vezes, até são) formidáveis, mas podem se tornar perigosas a longo prazo. Num mundo onde trocamos celulares perfeitamente funcionais por modelos de última linha, e onde Grazi Massafera é substituída sem cerimônias, vejam bem, é como se estivéssemos vivendo a obsolescência programada em todos os campos das nossas vidas. Não está bom? Joga fora. Assim mesmo, sem qualquer cerimônia.

Em tempo, a protagonista tentou explicar algumas vezes o fim do relacionamento se valendo desses conceitos acima, mas achei engraçado como a parte da conversa, da cumplicidade e do companheirismo, de tentar arrumar o que não está bom, foram deixadas de fora da narrativa. Na verdade, tem uma única frase que mostra a protagonista aplicando demonstrações de afeto que ela mesma julgou necessárias, e ordenando pedindo que seu jeito de ser seja aceito praticamente sem mudanças, sem acordos e sem ressalvas. Pois é, vindo da mesma personagem que nutre esperanças de mudar ao menos uns dois cavalheiros só até a página 32. A impressão que fica é aquela que ela mesma compara: "Cansei da cor desse cabelo". É o esperado para os dias atuais. Não serve mais? Lixo. Consertar dá trabalho, fora de cogitação, "minha felicidade primeiro". Sabem? Acho que é por isso que eu ando achando tão comum ver gente legal solteira ou insatisfeitos namorando por aí; provavelmente o próximo gadget foi lançado na praça, e carpedienianos mal podem esperar para trocar, mesmo o antigo não estando quebrado.