Tecnologia do Blogger.

Insconstância bloguística

Você já jogou The Sims? Se já, pode ter acontecido alguma vez de fazer exatamente o que eu sempre faço: depois de horas construindo paredes, escolhendo piso, testando com precisão qual a melhor esquina para colocar o chuveiro ou o sofá, naquele momento de, enfim, apertar o play e jogar, você se sentir saturado, sem vontade, pensando nas horas que perdeu e na pilha de trabalhos por fazer. E desligar, sem nem de fato começar o jogo.

Não é bem uma questão de não concluir projetos, mas de gastar tanta energia com o planejamento que, quando chega a hora de colocar em prática, aquilo já não faz mais sentido. Essa não é a primeira vez que eu começo um segundo blog, e, logo depois de perder semanas (re)aprendendo a mexer no Photoshop e no Wordpress, simplesmente enjoo. Eu não sei bem se meu problema é a obrigação que crio com o blog, ou é se minha fobia com a falta de privacidade falando mais alto.

Eu sempre senti que o Blogger significava um lugar seguro para escoar pensamentos, sem pressões. O "meu querido diário" num universo onde escrita importa mais que apresentação. Assim, quando eu decidi me aventurar lá fora, pelas águas de hospedagem e layout responsivo, acabei me sentindo afogada numa série de obrigações bestas que eu mesma me impus. Todo um mar de divulgação, fotografias especialmente produzidas e textos SEO friendly para os quais eu não tinha muita paciência.

De longe, a divulgação é o que mais me aterrorizou. Veja bem, eu acho lindo quem tem um blog todo aberto, compartilhado no facebook, com comentários da vizinha, do chefe, das colegas do trabalho, mas eu não consigo ser assim. Sinto um certo pânico de pensar em gente "conhecida"- aquele pessoal que você só trocou um sorrisinho educado na sala do café (mas que, claro, já saiu te adicionando no facebook) -, lendo tudo que eu escrevo, julgando minhas fotos, entrando sem qualquer rodeio ou permissão na minha vida pessoal.

Ter blog é uma coisa intimamente ligada a internet para mim. Desde quando ganhei um computador, meus primeiros sites na lista de favoritos foram blogs. Foi uma amiga de blog que viu primeiro meu nome na lista dos aprovados da fuvest, por causa de um blog conheci meu primeiro namorado e, graças aos blogs, me apaixonei por programação, muito antes da primeira aula de java na faculdade.
Dito isso, apesar de não conseguir ficar sem, também não estou pronta para dar o próximo passo. Tudo bem, fotografar e planejar um post pode ser divertido, se eu tomar o devido cuidado de não transformar isso em uma obrigação. Agora, compartilhar link nas redes sociais, com o facebook "sugerindo" a página para toda a minha lista de acquaintances? Chego a suar frio.

Meu lugar vai continuar aqui. Pelo menos por enquanto.

Um comentário

  1. Oi Kari! Super concordo com você! É muito esquisito ver pessoas "conhecidas" lendo os nossos textos. Por essa razão eu acabei deixando de me sentir confortável em escrever coisas muito pessoais no blog, aí transformei ele em um lugar onde falo sobre as coisas que vejo/leio/escuto e coisas da vida que me incomodam etc. Deixei "o lado pessoal" pra discutir por newsletter, porque acaba sendo mais íntimo e difícil de "conhecidos" terem acesso - uma vez que posso controlar muito bem quem assina ou deixa de assinar meu conteúdo. Porém, depois de ficar tanto tempo sem falar sobre mim na internet, é bastante difícil recriar esse hábito e as vezes fico eeeeeras sem enviar edição nova na Newsletter... bom, acontece! Acredito que a escrita, pra ser boa, tem que ser fluida e não pressionada por prazos e metas, mesmo que eles sejam apenas estipulados por nós mesmos. Não significa abandonar os projetos, mas tratá-los com o cuidado que merecem. Acho que vale apena.
    Vou passar por aqui mais vezes!
    Um abraço!

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