Meu primeiro impulso foi o de deletar esse domínio. Por n razões, ele lembrava minha "vida antiga" e isso não parecia certo para mim. Eu não sou mais a mesma que criou esse blog, eu não reconheço mais aquela pessoa. Tudo mudou na minha vida; as pessoas, os lugares, as coisas, aqui dentro. Pensei em talvez criar outro domínio, com outro layout, em outro servidor, ou, não sei, deixar essa coisa de blog para lá. De uma vez por todas. Na verdade, essa última solução era a que mais me seduzia naquela hora. No entanto, era preciso entrar aqui, visitá-lo pela última vez, mesmo que simplesmente para deletar tudo. Foi aí que vi a imagem de topo, lembrei do dia que recomeçar um blog parecia uma ideia incrível e que eu precisava de um nome para ele. Esse,
"Não Ficção", veio logo de cara. Não precisei ficar pensando por dias, nem sequer anotar ideias numa listinha para decidir pelo mais apropriado. "Não Ficção" tinha tudo a ver, mostrava meu amor por livros talvez, mas, acima de tudo, dizia que essa era minha história, cheia de acontecimentos absurdos e complicados e, ao mesmo tempo, sem qualquer de extraordinário.
Pensei também em como a vida tem se mostrado para mim e em como eu não posso apagá-la toda vez que algo "não parecer certo", para poder começar tudo do zero absoluto. Lembrei de tudo que passei, dos aprendizados, dos machucados e da força que veio depois de tudo. Resolvi encarar esse blog de frente. Tudo bem, deletei os posts que me machucavam, apaguei imagens, mudei frases. O bom é que tinha usado tão pouco essas linhas, que nem me deu tanto trabalho. Doeu. Mas é isso; viver dói mesmo.
Lembrei também que o que mais me incentivou a criar esse blog, em primeiro lugar, foi encontrar tantos blogs
old school por aí. Não aqueles de perfeições, maquiagens e cabelos impecáveis, roupas deslumbrantes e publiposts, mas aqueles de meninas que existem de verdade. Que sofrem, que adoecem, que sonham e que tentam, mesmo num mundo como esse, encontrar beleza nas coisas simples da vida. Percebi o quanto isso lembra minha vida agora. No quanto de ambição, angustia e desespero eu perdi para dar lugar à tranquilidade, aos amigos e a mim.
Foram lições e mais lições pelo caminho. Algumas assimiladas facilmente, outras foi preciso me esfregar na fuça até que eu pudesse me tocar. E, apesar dos pesares, estou satisfeita pelo caminho que trilhei e onde cheguei agora. De todas as coisas, acho que aprendi melhor a separar o joio do trigo, me tornei uma pessoa mais desconfiada e menos deslumbrada, o que à primeira vista pode soar algo terrível, mas no fim só me deixou mais forte. E mais feliz. Aprendi a aproveitar melhor aqueles que eu amo, a seguir meus sonhos com mais determinação, sem desculpas ou preguiça. E a enfrentar meus medos com mais coragem. Como voltar aqui, reler alguns textos que sequer faziam sentido mais, excluí-los, deixar para trás. E recomeçar dos destroços, dos projetos inacabados e das partes de mim que fizeram mais falta.