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Sobre livros e filmes

Eu tinha 15 anos. Lembro que o livro estava lá, jogado em cima do material escolar da Carol, minha vizinha e melhor amiga de infância. A arte da capa foi o que me chamou a atenção, era bonita e simples, em tons de dourado e lilás. Provavelmente mais um livro infantil, e eu, que já estava bem além dessa fase, definitivamente não cogitaria perder tempo com mais histórias sobre crianças e seus mundos mágicos bobinhos.

Só que o livro em questão tinha muitas páginas. Nada que eu não estivesse já bem acostumada, mas assim, para um livro infantil era realmente uma história longa. Abri, nenhuma figura. Resolvi ler o primeiro capítulo. E então não teve mais volta.

Imaginei tudo; criaturas, trem, castelo, esporte e personagens. Eles habitavam meus pensamentos o tempo todo e tive sorte de ainda estar em idade escolar, assim, apesar das diferenças óbvias, pude vivenciar tudo aquilo com um pouco mais de intensidade. Não havia um filme em produção ainda. O que se tinha eram três livros fantásticos, sobre uma das histórias mais viciantes que eu já havia lido até então.

Lembro de uma revista Época especial de final de ano que minha mãe trouxe. Nas últimas páginas, uma perspectiva do ano que estava por vir (2001), mês a mês. Em dezembro, uma foto dos três atores escolhidos, para a qual fiquei olhando por horas. Não eram exatamente meus personagens e eu nem sabia se me habituaria àqueles rostos, mas, para ser sincera, o que mais me incomodava era pensar "DEZEMBRO? Falta um ano inteiro ainda! Não vai chegar nunca!!!"


No fim, me habituei. Gostei de todos os filmes (alguns bem mais) e agradeci a ajuda visual, já que algumas coisas, como as escadas que moviam, por exemplo, eram realmente difíceis de se imaginar. Mas nunca li um único livro da série com aqueles rostos. Nunca esqueci os que eu mesma criei e foram eles que me acompanharam e concluíram a história na minha cabeça, até o sétimo e último livro.

Há dois anos li uma resenha sobre Jogos Vorazes em algum lugar da Internet e a ideia pareceu genial. Uma cidade soberana, com 12 distritos escravizados ao redor, e um jogo de sobrevivência, no qual 2 crianças de cada distrito são inseridas para batalhar até morrer, em prol do entretenimento dos cidadãos da Capital. Gosto de mundos apocalípticos e, ao ler o primeiro capítulo (eu sempre faço isso antes de realmente assumir uma leitura! rs), a narrativa parecia rápida, bem construída e levemente viciante. Li os três livros de uma vez só. Os dois últimos em inglês mesmo, já que não aguentava esperar pelas edições brasileiras. Por causa disso, geralmente me confundo onde começa e termina cada um deles e sempre imagino a sequência como uma história só.

Dessa vez, a perspectiva de um filme ainda era remota e eu pude acompanhar a escolha do diretor, atores e produção desde o comecinho (sem ter de depender de fotos minúsculas na Época. Obrigada, internet! :*). E, assim como da outra vez, Jennifer Lawrence não é minha Katniss, muito menos Josh Hutcherson meu Peeta, mas nem por isso estou menos animada para assistir o filme que sai essa semana (depois de uma longa espera de dois anos, de novo).


Na verdade, ganhar ingressos para a pré-estreia foi uma das notícias mais legais e, por mais infantil e bobinho que isso possa soar, me ocorreu todo esse revival do que senti aos 16 anos, quando vi Harry Potter virar filme e se tornar mais "real" bem na minha frente.

Essa semana dediquei a reler o primeiro da série para poder comparar todas as cenas e analisar melhor a adaptação cinematográfica. E, onze anos depois de ter tido essa sensação pela primeira vez, mal posso esperar para assistir nas telas a história que li em páginas.

Do recomeço

"I like to start my notes to you as if we're already in the middle of a conversation."
~ Kathleen Kelly, You've Got Mail.


Eu sou péssima em introduções e essa é a primeira coisa que você vai saber sobre mim. A segunda é que eu sou capaz de abandonar projetos inteiros por causa dessa minha dificuldade. E a terceira é que sou deveras persistente.

Acho que o que mais angustia é pensar no quanto de informação próloga seria necessária. Ou suficiente. “Mas que m.. eu vou dizer no post inaugural?” é a pergunta que me fez adiar esse blog por mais de 2 anos. Na verdade, ela era seguida por tantos outros questionamentos que me cansavam e acabavam, por fim, me fazendo desistir.

“Eu deveria expôr meus motivos para criar um blog.” Mas... talvez eu não tenha motivos. Existem essas pessoas, eu inclusive, para as quais escrever é uma extensão da vida, assim como pensar. É uma ferramenta para organizar, planejar e tomar ciência da própria existência. Talvez até uma prova de que você se encontra aqui, nesse momento, respirando. O que significa que eu não tenho motivos mais plausíveis que o simples fato de respirar para escrever sobre a minha vida. Ela existe e está sendo experienciada e acho que isso é o bastante. Não como justificativa para um primeiro post, eu sei.

“O melhor seria falar um pouco sobre mim”. E esse foi o rascunho mais fail de todos. Dizer o quê? Que gosto da combinação livro, cama e tarde chuvosa? Me recuso a acreditar que alguém nesse mundo não goste. Uma descrição é o caminho mais ineficaz de me descobrir como um ser único no planeta, quando, provavelmente, o que me faz mais única é intraduzível para a língua portuguesa. Só que pessoas grandes gostam de números, diria Saint-Exupéry, então eu tenho 27 anos, peso 40 kg e possuo 4 videogames. Gosto de algumas coisas, sou indiferente a outras e odeio mais algumas. E acredite, a barra lateral só tem um perfil, porque contei com ajuda para escrevê-lo.

Em resumo, não foi por falta de tentativas. De tanto que rascunhei essas linhas, das dezenas de layouts inacabados (e acabados, mas vítimas das minhas trocas instantâneas de humor), das birras eternas com o wordpress, dos incentivos e ajuda dos amigos. Vou dizer que, na maior parte do tempo, faltou inspiração mesmo. O cenário blogueiro já não é mais o mesmo daquele que comecei (há mais de 10 anos. E fazer essa conta me fez sentir uma idosa), e tenho de admitir que não me julgo uma especialista em nada (a.k.a. não tenho a menor paciência) para escrever posts e posts sobre qualquer assunto em especial.

Isso significa que eu não entendo nada de moda, muitas vezes não confio nas minhas próprias habilidades com maquiagem e mal sei fritar um ovo, quem dirá transcrever uma receita de cupcake inteira. E sabe? Raramente visito blogs "especializados" de qualquer forma. Gosto, e admito mesmo, bem mais dos pessoais, repletos de opiniões e experiências únicas impossíveis de serem repetidas seguindo um tutorial. Sou leitora assídua da Ana Luísa, da Taryne e da Mayra e, por mais que nunca tenha trocado uma frase sequer com qualquer uma delas, seus relatos já me acrescentaram muito mais que uma categoria "look do dia" inteira em qualquer um dos blogs mais-do-mesmo por aí.

Introdução concluída, ou mais ou menos, já posso agradecer (e muito) os infinitos apelos da Bee, auxílios do Matheus, indiretas da . Admito que não vejo a hora de fazer desse lugar um pedaço do meu cotidiano, como foi há muito tempo. Estava mesmo cansada de resumir minhas divagações em 140 caracteres.