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Heritage Park, Utah

Esses dias eu estava me sentindo assim; uma estranha no ninho. Dá uma certa ansiedade quando eu penso em tudo que eu sei sobre minha cidade natal, os anos de transformações que acompanhei, como consigo identificar cada pedacinho, cultura, história, e aqui eu ainda não conheço quase nada.

Foi daí que surgiu a ideia de conhecer um pouco da parte histórica de Utah, mais precisamente o Parque Heritage. Foi nessa locação que, em 1847, Brigham Young, liderando um grupo de mórmons, avistou pela primeira vez o vale (onde hoje fica a capital), dizendo: "Esse é o lugar!" (This is the place, como também é conhecido o parque). Há muito os praticantes dessa religião fugiam de perseguições ao longo dos EUA e  procuravam essa terra, que acreditam ser prometida por Deus.


O parque conta a história da época, com monumentos dedicados aos pioneiros, famílias e soldados que começaram o que hoje é a cidade de Salt Lake. É possível visitar um vilarejo preservado, e conhecer mais sobre as construções e cotidiano dos moradores nos anos de assentamento (guias com roupas da época encenam as atividades, interagem com os turistas e ensinam a história).





ferreiro: imagem retirada do site oficial




O parque é imenso e é bem fácil perder mais de 3 horas fotografando e lendo os memoriais. Eles possuem muitas atividades para crianças, incluindo aprender as tarefas dos aldeões (fico imaginando essas crianças de hoje saindo do tablet para arar a terra...), e uma parte reservada para eventos (no dia que fomos, estavam celebrando  um casamento lindíssimo). Tenho uma lista inteira de lugares históricos para conhecer em Utah, mas esse passeio valeu a pena para entender como tudo começou. Quero muito voltar para comer os donuts e a root beer com sabor de leite (oi?) que dizem ser maravilhosos, mas esqueci de experimentar no dia :/.

Sim, eu ainda me vejo como a estranha no ninho alguns dias, já em outros tenho certeza que não existe lugar que combine mais comigo que aqui. É óbvio que uma parte de mim nunca vai deixar de ser paulista da gema, mas, quanto mais eu aprendo sobre esse lugar, mais me sinto parte dele também. *as imagens do post são de minha autoria, exceto quando indicada outra fonte.

Park City, Utah

fonte: Hikes and Lakes
Se eu pudesse dar uma dica de um único lugar para visitar em Utah, certamente seria Park City.
Essa cidadezinha fica localizada a aproximadamente 48 km da capital, Salt Lake e foi eleita a melhor cidade dos EUA em 2013. Ela é conhecida por suas estações de esqui, por sediar as Olimpíadas de Inverno em 2002, e por apresentar anualmente o Sundance Film Festival, o maior festival de cinema independente dos EUA.

Mas prepare-se para o frio, pois a temperatura chega a -18°C no inverno, e aproximadamente 11°C a menos que Salt Lake no verão. A principal atividade é o turismo, e é considerada uma cidade bem (!) cara para se morar.

fonte: America`s Best Ski Towns
Na nossa última viagem para lá ficamos hospedados no hotel Park City. Eu não costumo ser muito fã de hotéis, já que tenho o sono muito leve e o abrir portas/hóspedes circulando na madrugada/arrumadeira/etc, me acorda facilmente. Mas, como ficamos nos chalés, ou seja, mais afastado e muito mais silencioso, eu recomendaria sem pensar duas vezes. Vista incrível, quartos com dois ambientes (cozinha e lavanderia próprios), além de lareiras e varanda com jacuzzi.

vista do chalé
Piscina do hotel - aquecida, claro :X
A cidade é cercada por montanhas, com muitaaa neve, até mesmo na primavera. As principais atividades de inverno são os resorts de esqui snowmobile. Existem vários resorts para escolher, diferentes paisagens e dificuldades. No nosso caso, escolhemos o Thousand Peaks, uma trilha gigantesca para snowmobile, com 4 horas de duração.
No preço do passeio estão incluídos macacão, botas e capacete, caso sua roupa não proteja do frio intenso (ou você não queira usá-las, já que o cheiro da gasolina que fica é horrível!). Um instrutor leva o grupo pelas montanhas, até uma grande área aberta, com diferentes inclinações. Na metade do caminho tem um descanso, com lareira e lanches. Nessa hora, o frio e a neve são tão absurdos que bate até um leve desespero na hora de sair da cabana e voltar para o snowmobile :(.

cosplay de Breaking Bad
Se for sua primeira vez, eu aconselho o pacote com poucas horas, já que, acredite, cansa MUITO. Eu não quis fazer o esqui porque estava com um pouco de dor nas costas e achei que o snowmobile seria tranquilo... Não foi. Não parece, mas o peso e a quantidade de força para pilotar, além de tentar se manter equilibrada, fazem do snowmobile um exercício super pesado. Ou seja, prepare-se para o corpo dolorido no dia seguinte!

fonte: Park City Magazine
Mesmo que vc visite a cidade em uma estação mais quente, quando os preços ficam mais em conta, existem várias atividades de lazer, como tirolesa, teleférico, passeios de balão, trilhas, golf, mountain bike e, os meus favoritos, alpine coaster e alpine slide. O alpine coaster é uma espécie de montanha russa na qual você mesmo controla seu carrinho:



E o alpine slide é mais parecido com um carrinho de rolimã (/anos 80), que você carrega até o topo da montanha por um teleférico e depois usa para descer um trilho:


Além das atividades de lazer, a rua principal da cidades é um centro histórico, com vários restaurantes e bares, além de galerias de arte e um museu dedicado a mineração, que foi a responsável por levar muitos exploradores para a cidade no século XIX.

fonte: Jensen and Company
Como as fachadas preservam esse clima histórico, não é difícil se sentir transportado para outra época enquanto passeia pelo comércio. As lojinhas não vendem apenas as típicas souvenires para turistas, mas uma variedade interessante de itens; obras de arte, roupas de marcas famosas, jóias, livros, bebidas, e até uma loja dedicada a brinquedos e doces vintage.

fonte: Flickr
A cidade é bem romântica e vale a pena para aqueles que estão procurando uma lua-de-mel diferente e inesquecível. Vale também para quem quer uma viagem entre amigos, com atividades esportivas e belas paisagens. Ou até mesmo só para passar um final de semana de frio com estilo :)

Ingredientes: Brasil x Estados Unidos

Confesso que cozinhar nunca foi meu forte, mas, como mudar de país também significa independência da comida da mamãe, ultimamente estou sendo forçada a aprender uma ou outra coisa na cozinha.


É muito fácil manter o cardápio brasileiro mais simples por aqui. Em qualquer mercado encontramos arroz (long-grain rice) e feijão (no pacote cru, ou em lata pré-cozido). Os cortes de carnes costumam ser mais grossos, mas o filé de frango, peixes e carne moída são iguais. O problema mesmo é quando queremos seguir alguma receita brasileira mais elaborada.

Se você mora em uma cidade grande, com uma boa presença de estrangeiros (Miami, Boston, Nova Jersey, etc), a chance de encontrar um mercado com opções de ingredientes brasileiros é grande (em NJ existe até um mercado só assim). Agora... Se você estiver em cidades menores, como a que eu moro, provavelmente vai acabar tendo de fazer algumas adaptações.


Farinha de Trigo

Quando a receita no Brasil pede essa farinha, normalmente usamos a All-Purpose Flour aqui. Normalmente, porque se você for fazer um bolo, existe a opção de usar a "Cake Flour" também. A nossa farinha de trigo contém 12% de proteína e a All Purpose Flour contém de 10 a 13%. Já a Cake Flour contém de 8 a 9% e o bolo acaba saindo mais fofinho, porém, caso você opte por usá-la, terá de fazer uma adaptação na medida da receita; 1 xícara de farinha será 1 xícara + 2 colheres de sopa de Cake Flour.


Creme de Leite

Esses dias eu quis fazer um quiche que a Tamara ensinou no blog dela, e não sabia bem qual seria o creme de leite. Aqui temos half half, table cream, heavy cream, sour cream, socorro! Depois de uma pesquisa na internet, descobri que o ideal seria o Table Cream, ou Media Crema, como vem escrito na latinha da Nestlé, que contém entre 18 e 30% de gordura. Nosso creme de leite de caixinha no Brasil tem entre 17% e 20% e o de lata contém aproxidamente 25% de gordura. Vi muita gente aconselhando a usar o "Heavy Cream" no lugar do creme de leite também, mas tenha em mente que esse contém entre 36% e 40% de gordura.



Fermento

Aqui se usa o Baking Powder, que é o bicarbonato de sódio com amido e ácido em pó. No entanto, se a receita estiver pedindo bicarbonato de sódio ao invés do fermento, você deve comprar o "Baking Soda". Agora, se o que vc precisar for o fermento biológico, o equivalente aqui será o "Yeast", que é a levedura seca, em formato de pó.


Polenta

A farinha usada para fazer polenta recebe o nome de Coarse Cornmeal (às vezes também é encontrada como "Coarse Polenta"). Ele é um tipo da Cornmeal, ou farinha de milho, que também pode ser encontrada fina, grossa, branca ou amarela. A Yellow Cornmeal não é indicada para o preparo da polenta, pois é uma farinha bem mais fininha e a polenta sairá mais pastosa.


Maizena

O amido de milho tem o nome de Cornstarch, e também pode ser encontrado como Cornflour.


Biscoito Champagne

Usado em várias receitas de doces gostosos no Brasil, o biscoito champagne aqui é conhecido como Lady Fingers Cookie. Não é muito fácil de achar e, até agora, eu só encontrei uma única vez, em outra cidade.



Alguns alimentos eu já procurei em todos os mercados da região e nada; requeijão (cream cheese não fica igual), gelatina incolor, farinha de rosca e farinha de milho biju (cuscuz paulista com yellow cornmeal saiu absurdamente errado).
Uma saída, caso você precise de algum ingrediente brasileiro difícil, por incrível que pareça, é a Amazon. O problema é que um saquinho de farinha de milho biju sai pela bagatela de U$8, e quatro potinhos de requeijão por U$32, ou seja, você tem que precisar MUITO mesmo :(.


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